A CRIAÇÃO DO MUNDO E A ORIGEM DA VIDA NA VISÃO DA UMBANDA

@Conectadosnoaxe

Você já ouviu as lendas e estudos da Umbanda sobre a criação do mundo e da vida? Muitos conhecem a história de Adão e Eva, mas na visão umbandista, como foram criados os homens e o mundo onde vivemos? Veja algumas versões da criação do mundo na Umbanda.

CRIAÇÃO DO MUNDO NA UMBANDA: A LENDA DE OXALÁ

A lenda (ou Itan) mais famosa diz que o criador do mundo foi Oxalá. No princípio dos tempos, o Senhor Supremo dos Nossos Destinos Oludumaré (também conhecido como Olorum) criou os primeiros Orixás. O primeiro deles foi Oxalá e a ele deu a incumbência de criar o mundo, entregando o saco da criação.

No momento da criação do mundo na Umbanda, já existiam outros orixás habitando o Orum, o mundo espiritual, por isso Orumilá aconselhou que Oxalá fizesse uma oferenda ao orixá Exu antes de criar o mundo. Mas Orixá não lhe deu ouvidos e começou a sua missão sem fazer oferenda nenhuma.

A FALTA DE OFERENDA A EXU

Exu não gostou dessa atitude de Oxalá e usou os seus poderes para trazer a Oxalá muita sede.  Quando Oxalá começou a construção do mundo, sentiu a forte sede causada por Exu. Ele estava próximo de palmeira, por isso com seu cajado ele fez um furo na palmeira e bebeu do seu vinho. Oxalá bebeu, bebeu muito e acabou por embriagar-se e adormecer ao lado da palmeira.

Então, Exu aproveitou e tomou o saco da criação de Oxalá e entregou-o ao orixá Oduduá. Oduduá pediu a permissão de Olorum para então realizar a missão que antes seria de Oxalá, e lhe foi concedido. Ele fez as devidas oferendas aos Orixás presentes no Orum e então utilizou o saco da criação para criar o mundo.

OXALÁ ENTÃO CRIOU OS HOMENS

Ao acordar, Oxalá percebe que o mundo já havia sido criado e que alguém lhe havia tomado sua incumbência. Ele então se dirige a Olorum para relatar o que havia acontecido. Olorum perdoa Oxalá e então lhe uma nova incumbência: criar os homens.

Oxalá então pegou o barro e modelou o homem e a mulher. Porém, os corpos ficam inanimados, sem vida. Então, ele chama Olorum que resolve o problema com um sopro de vida e então a vida dos homens foi criada.

A partir de tal episódio, Oxalá nunca mais consumiu nem aceitou oferendas que envolvesse o álcool. É hoje o orixá da Paz, da calma e da sobriedade.

AS LIÇÕES DESSA LENDA

Existem diversas interpretações possíveis dessa itan e dela podemos tirar muitas lições.

Lição 1

A primeira dela é de respeito. Mesmo Oxalá, o primeiro Orixá criado por Olorum, devia respeito e ter oferendado Exu, pois nada se deve fazer sem antes oferendar o dono da encruzilhada.  Exu reina na encruzilhada entre o mundo material (Ayê) e o mundo mítico-espiritual (Orum), por isso ao fazer a passagem entre essas duas realidades é necessário oferenda-lo, por uma questão de respeito e devoção. Por isso, ninguém é tão importante que não deva respeito aos outros.

Lição 2

A lição 2 mostra que nem mesmo o mais ilustre de todos os Orixás, Oxalá, é capaz de criar a vida sozinho. Ele foi capaz da criação do homem, em sua forma, mas a vida só pode ser gerada por Olorum. Por mais poderoso que seja o Orixá, a entidade, ou qualquer ser, a origem da vida é necessariamente um dom do Senhor Supremo.

Lição 3

O dom do perdão.  Mesmo com os erros de Oxalá, que negou a oferenda a Exu e embriagou-se em vinho perdendo sua missão, Olorum aceitou os pedidos de desculpas do orixá e o perdoou. É uma lição de humildade, de reconhecimento e do poder do perdão.

Lição 4

É também uma lição sobre as responsabilidades e os excessos. Oxalá embriagou-se mesmo sabendo que teria uma missão importante a cumprir para Olorum. É uma lição sobre os excessos, sobre ultrapassar os nossos próprios limites e não respeitar o nosso corpo físico, deixando que nossos atos prejudiquem nossa missão. Hoje, Oxalá é o orixá da sobriedade.

Origem do texto : Desconhecido

Publicado por : Alexandre de Oxossi