Infelizmente os ensinamentos desta primeira manifestação de Umbanda (
historicamente falando, em nomenclatura, doutrina, fundamentos e ritos )
foram esquecidos e hoje se encontram quase que totalmente
desconhecidos. A Umbanda do Caboclo das Sete Encruzilhadas é formada em
dois pilares principais: o espiritismo e o catolicismo.
A influência de ritos africanos é mínima em comparação com estas duas
( em que prevalece o espiritismo, tanto na filosofia, quanto no rito,
com o uso do mediunismo), sendo totalmente incabível o culto aos Orixás
na Linha de Umbanda Branca e Demanda ( Umbanda do Caboclo das Sete
Encruzilhadas ), uma vez que não é creditado a existência de deuses
mitológicos africanos, o que por si só já anula a utilização de
tradições e lendas, usados para compilar os ritos de matriz africana .
Como bem explicado no livro de Leal de Souza ( O espiritismo,a magia
e as sete linhas de Umbanda -1 933 ), a Umbanda branca e Demanda possui
sete linhas, sendo elas: linha das Almas, linha de Amanjar ( Iemanjá )
, linha de Ogum, linha de Oxalá, linha de Xangô, linha de Nhã-ssan (
Iansã ) e a linha de Euxóce ( Oxóssi ); Que nada mais são do que linhas
de atuação de espíritos no planeta Terra, são falanges de espíritos
que, pelo mesmo objetivo a ser alcançado em suas manifestações, se
agrupam e acabam formando falanges de grande proporção.
São agremiações de espíritos com um objetivo em comum. Vemos hoje que
se confunde o conceito dentro das outras vertentes de Umbanda, entre as
sete linhas de Umbanda, com os Orixás de Umbanda, sendo que a primeira
explicaria a divisão em falanges dos espírtos e os Orixás, explicados
de diversas maneiras, desde irradiações cósmicas até como deuses do
panteão africano. Os ensinamentos sobre assunto trazidos pelo Caboclo,
escritos por Leal e praticados até hoje pela Tenda Espírita Nossa
Senhora da Piedade, são claros quanto ao não culto aos orixás africanos.
É praticado em rito a crença apenas as sete linhas, ( que possuem os
seus preceitos próprios, seus elementos de culto característicos e bem
peculiares ) que é essencialmente a crença em espíritos, sendo que os
elementos utilizados e requeridos quando necessário, são para a
vibração energética natural ( e material ) para a quebra de magia e a
manipulação de energias. Portanto, não se trata de oferendas, trata-se
aqui, de manipulação de elementos magísticos, de movimentação e
manipulação de energias.
Como se trata de espíritos, que possuem objetivos pré-determinados
em suas manifestações, e é isso que os une em grupos distintos,
cultua-se todas as sete linhas indiferentemente, pois não existe também
o conceito do médium ser filho(a) de um determinado Orixá, ou de um par
de Orixás (um masculino e outro feminino) ou mesmo de sua natureza
provir ou fazer parte de uma determinada irradiação cósmica, tradição e
crença vinda de cultos africanos e trazidos à tona por outras vertentes
surgidas com forte influência ocultista e esotérica. Entende-se aqui,
que o espírito quando criado possui a sua energia particular que o
acompanha por toda a sua existência e por todas as suas encarnações, é
individual assim como a evolução é individual também. É uma máxima da
doutrina espírita que é creditada também na Umbanda Branca e Demanda.
O que existe, é apenas uma maior aproximação de frequência na
energia unica e particular do médium com a linha vibratória ( que é
puramente terrena e material ) de uma das sete linhas e saber disso
ajuda ( mas não determina ) o desenvolvimento mediunico.
Como praticante da Umbanda Branca e Demanda, ocorre que a primeira
linha com aproximação de frequência que possuo é com a linha das Almas (
assim como todos os médiuns praticantes que conheço desta vertente ) ,
que nada mais é do que a linha mais próxima à matéria, onde vão e se
encontram todos os espíritos que estão ainda em evolução, e isto inclui
espíritos com grande conhecimento e capacidade de manipulação de
energias , como exus e tantos outros. Nada mais natural e coerente,
sendo eu um espírito com grande caminho a galgar na evolução
espiritual, ter uma frequência energética mais próxima e semelhante à
linha citada. Logo após, vem a Linha de Ogum e a Linha de Xangô,
quebrando totalmente qualquer regra e tradicionalismo de cunho
africanista. Não existe o crédulo em alterações comportamentais ou de
perfis psicológicos ocasionados pela influência de “orixás” ou de
energias cósmicas no indivíduo.Cada ser é único, em forma e
comportamento.
Portanto, deixemos o culto aos Orixás para as religiões
reconhecidamente de matriz africana, pois o rito é muito particular e
necessita de um tratamento sério. Já na Umbanda, a ditada pelo Caboclo
das Sete Encruzilhadas, que é uma religião puramente brasileira,
existem as sete linhas que possuem apenas a mesma nomenclatura, o mesmo
nome de alguns deuses da mitologia africana por serem batizadas e
explicadas pelo espírito de Pai Antônio, e assim permanecem nomeadas até
hoje. Mas são conceitos totalmente distintos, que precisam ser
conhecidos e respeitados por todos.
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